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O artigo em sua íntegra pode ser encontrado na edição correspondente da revista n°59
Dr. Mauro Fisberg –
Pediatra, chefe do Centro de Atendimento e Apoio ao Adolescente, coordenador do
Centro de Pesquisas Aplicadas à Saúde da Universidade São Marcos, diretor da
Nutrociência Assessoria em Nutrologia. RESUMO Um pouco mais... A anemia
ferropriva consiste na mais grave e freqüente conseqüência da carência do
mineral ferro (Fisberg & Braga, 1998). Acomete milhões de crianças em todo o
mundo, levando a danos cerebrais irreversíveis, devido a profundos efeitos
causados no sistema nervoso central, além da perda de produtividade (Bhargava et
al., 2000). No
Brasil, estudos setorizados revelam a evolução da prevalência de anemia ao longo
dos anos. Salzano e colaboradores, 1985, estudando crianças com idade inferior a
24 meses em serviços ambulatoriais no Recife, constataram prevalência entre 41%
e 77% de casos de anemia. Em Criciúma – SC, em trabalho realizado com 476
crianças, cuja faixa etária compreendia 6 a 35,9 meses, mostrou prevalência de
54% de anemia por deficiência de ferro (Neuman et al, 2000). Soares et al, 2000,
registraram 60% de prevalência em crianças com idade inferior a 12 meses,
pertencentes a bairros periféricos de Fortaleza. Em
estudo realizado por Fisberg et al., 2001 em 10 capitais brasileiras,
observou-se prevalência entre 29,5% e 49% de anemia ferropriva em crianças
menores de 5 anos, com valores de hemoglobina inferiores a 11g/dl e 19,5% de
casos severos, com valores de hemoglobina sérica inferiores a 9,5 g/dl. A
amostra total analisada compreendeu 2.223 crianças e teve como resultado final a
prevalência nacional de 54%, com dados de maior prevalência na região sudeste
(53,7%) seguido da região sul (52,7%), nordeste (44.5%) e norte (34,35%). A anemia
ferropriva pode ser definida como a diminuição anormal na concentração de
hemoglobina no sangue. Podemos caracterizá-la por intermédio de exames
laboratoriais quando estes apresentarem redução nos níveis de hemoglobina sérica
a valores inferiores a 11mg/dl (CDC, 1998), e hematócrito abaixo de 2 desvios
padrão da referência considerada adequada (Fisberg & Braga,1998). Podemos
citar, resumidamente, que em crianças com idade inferior a 3 anos, esta
deficiência se deve em grande parte, ao aporte inadequado deste mineral, baixa
biodisponibilidade do ferro e aumento do requerimento devido as necessidades do
crescimento acelerado no primeiro ano de vida (Cunningham et al, 2001).
Portanto, a melhor estratégia para a sua prevenção fundamenta-se na prática do
aleitamento materno exclusivo até o sexto mês de vida, seguido do adequado
processo de desmame, envolvendo alimentos que sejam fonte deste mineral (CDC,
1998). Alguns
instrumentos devem ser utilizados para assegurar a ingestão nutricional adequada
de ferro a população geral ou grupos populacionais de risco como crianças,
adolescentes, gestantes, nutrizes e idosos (Blumberg et al., 1997; Hecberg et
al, 1998), compreendendo política adequada de alimentação e nutrição, educação
nutricional, utilização de suplementos ou fortificação de alimentos (Torres et
al, 2000; Berner et al., 2001; Majem, 2001; Kaluski et al., 2000; Bloem et al.,
2001; Sari et al., 2001). A
fortificação alimentar pode ser considerada uma alternativa de intervenção no
combate a carências de micronutrientes, entre eles o ferro. Esta medida é
descrita como uma estratégia adotada em países desenvolvidos ou mesmo em
desenvolvimento. Segundo Torres et al, 2000, trata-se de uma medida, capaz de
atingir vários extratos populacionais sem exigir cooperação do beneficiário,
além de ser uma medida barata e efetiva a curto, médio e longo prazo. Em
países desenvolvidos a farinha de trigo tem sido fortificada com sucesso. Na
América Latina e Caribe, os cereais de milho, farinhas e o amido de milho, são
veículos de consumo popular, sendo alvos da fortificação alimentar. O açúcar
fortificado também obteve resultados adequados no Caribe, encorajando a América
Central a utilizá–lo como matéria prima para a fortificação de ferro e vitamina
A (Sivakumar, et al, 2001). Na
Indonésia, os programas de combate a deficiência de micronutrientes iniciou-se
em 1970 e alguns alimentos como sal de cozinha e leite foram fortificados (Boonstra
et al, 2000). Na Venezuela, desde janeiro de 1993, um dos alimentos mais
consumidos pela população, a farinha de milho pré-cozida, está sendo fortificada
com vitamina A, tiamina, riboflavina, niacina e ferro, obrigatoriamente desde
agosto de 93 (Chaves, 1993). No
Brasil, alguns trabalhos foram desenvolvidos utilizando-se alimentos
popularmente consumidos, com o objetivo de desenvolver alternativas de baixo
custo e boa aceitação. Em 1992, Nogueira e colaboradores, utilizaram o sangue
bovino na fortificação de biscoitos. Em 1993 Dutra, fortificou com sulfato
ferroso, a água destinada à crianças freqüentadoras de uma creche. Paula (1999),
em seu estudo, utilizou o açúcar refinado, em diferentes concentrações de ferro,
tendo como resultado final boa evolução na melhoria da anemia ferropriva.
Fisberg el al., 2002 utilizaram o leite destinado a merenda escolar de duas
escolas de São Paulo como veículo de fortificação alimentar. Em
dezembro de 2002, a Anvisa por meio da resolução n° 344, tornou-se obrigatória a
fortificação da farinha de trigo e de milho com ferro e ácido fólico no combate
a anemia e outras deficiências. O objetivo deste trabalho é verificar os efeitos da fortificação alimentar com sal de ferro, em crianças na faixa etária entre 2 a 5 anos, matriculadas em creches do município de São Paulo. |
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