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"As alturas alcançadas e mantidas por grandes homens Não foram atingidas em vôo inesperados,Mas eles, enquanto seus companheiros dormiam, Estavam trabalhando de noite nas alturas."
Henry Wadsworth Lougfellow

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Anorexia Nervosa

Antigamente eram muito comuns práticas de jejum religioso, chamado também de anorexia santa, hoje conhecida como anorexia nervosa. É reconhecida desde a Idade Média e foi descrita primeiramente em 1874[1], ressaltando os componentes emocionais de fantasia como traços predominantes na personalidade destes pacientes.

O distúrbio foi caracterizado por ser uma resposta à tensão social e de definição sexual e que se iniciaram na puberdade, onde ocorrem as mudanças do corpo físico e mental.

Esse distúrbio ocorre com mais freqüência em jovens e mulheres que têm uma imagem distorcida de seu corpo, tendo como maior objetivo chegar a pesos cada vez menores. Esse é o principal aspecto do quadro do distúrbio: perturbações da imagem corporal.

É um comportamento alimentar que tem como principal característica limitações dietéticas, apresentando um medo intenso de ganhar peso. Não há uma perda real do apetite, tudo realmente é consciente.

Os anoréticos ingerem pouquíssimos alimentos, pouca energia conseqüentemente e fazem, na maioria dos casos, exercícios físicos em excesso como ciclismo extensivo, caminhadas ou corridas, atividades essas as mais comuns. Esses pacientes nunca percebem o que está acontecendo e, não conseguindo se autocuidar, o distúrbio psicológico ou físico da função hipotalâmica (no hipotálamo) faz com que usem de vômitos, em 40% dos casos, laxantes e diuréticos para alcançarem seu objetivo (esses pacientes podem ser chamados de anoréticos bulímicos). Os neurotrasmissores (serotonina, norepinefrina e dopamina relacionados diretamente com a saciedade, comportamento alimentar e apetite) foram mais bem estudados e daí provém a causa de um distúrbio nas funções do hipotálamo, havendo provavelmente uma desregulação desses três neurotrasmissores. A produção de cortisol aumentada presente na anorexia nervosa foi recentemente registrada na área hipotalâmica.[2]

Outra característica bastante forte é de como os pacientes lidam com os alimentos, pensando constantemente nos mesmos e colecionando receitas para elaborar pratos diversos para amigos e familiares. Têm mania de cortar os alimentos em pequenos pedaços para serem melhor “armazenados” (nos armários, quarto, dentro de roupas, etc.). Os parentes mais próximos do anorético têm um risco dez vezes maior de apresentar e desenvolver a doença.

Ocorre nos pacientes com anorexia a elevação das enzimas séricas, isso ocorre tanto na fase onde o paciente está com a doença bem desenvolvida como no tratamento, que provoca a degeneração da gordura presente no fígado.  São encontrados também altos níveis de magnésio, zinco e fosfato, o que desregula o equilíbrio interno do corpo. O colesterol sérico acima do desejado também é encontrado em altas quantidades, principalmente nos jovens, a hipercolesterolemia é comum e os testes de função hepática podem estar alterados.

Os níveis de hormônio tiróideano (tiroxina sérica ou T4) podem estar diminuídos, assim como pode haver aumento da cortisona plasmática (hiperadrenocorticismo) e a resposta anormal a uma variedade de provocações neuroendrócrinas são comuns. Em mulheres, baixos níveis de estrógeno sérico estão presentes, enquanto os homens têm baixos níveis de testosterona. Existe uma regressão do eixo hipotalâmico-pituitário-gonadal em ambos os sexos, no sentido de que o padrão de secreção de hormônio luteinizante (LH) em 24 horas assemelha-se àquele normalmente visto em pacientes pré-púberes ou na puberdade[3]. Alterações no ritmo cardíaco dos anoréticos podem ser analisadas no eletrocardiograma que acusa bradicardia sinusal (diminuição do ritmo cardíaco) e arritmias. A tomografia (imagem cerebral) mostra um aumento na razão ventricular-cerebral. Essas e outras complicações podem ser observadas na TABELA 2.

A mais forte evidência de um componente genético se origina de estudos de pesquisadores ingleses, que encontraram uma concordância para anorexia nervosa em monozigotos entre 35 e 50%; entre os gêmeos dizigóticos esse índice era de 10 a 17%.[4] Os irmãos do anorético tendem a ter a doença, mas isso não pela genética e sim por fatores ambientais.

O estado nutricional desses doentes é muito debilitado, considerado desnutrição grave, pois há uma perda de peso que leva a manutenção do peso corpóreo em 15% abaixo do esperado.

Quando o paciente apresenta hábitos estranhos e se recusa a comer, pode ser um começo de anorexia, que faz com que o doente perca de 25 a 30% de peso corpóreo. O paciente nega sentir fome, restringe sua alimentação sendo essa pouquíssimo calórica e de quantidade insignificante[5]. Os sintomas podem ser mais bem analisados na TABELA 3.

Os anoréticos estão de costas para os alimentos, enquanto que os bulímicos estão de frente para eles. Dois tipos de anoréticos podem ser citados: o anorético restrito que tem como características ser perfeccionista, consciente e adaptável limita suas opções alimentares, consome o mínimo possível de calorias, e com freqüência, tem traços obsessivo-compulsivos com relação a alimentos e outras questões[6]. O anorético bulímico pode ser rebelde, apresentar instabilidade emocional e impulsividade, nesse tipo de anorexia há grande taxa de suicídio.

Na maioria das vezes a menstruação cessa antes da diminuição grave do peso. Ou seja, a desnutrição não é a única causa da amenorréia. Por outro lado, às vezes a menstruação recomeça antes de um ganho de peso importante[7].

A anorexia nervosa se inicia com uma simples dieta, eliminando os alimentos ricos em energia primeiramente, porém, todos os tipos de alimentos vão sendo restritos. Num estágio desenvolvido é possível observar pacientes que sobrevivem com poucos vegetais, uma fruta ou uma fatia de queijo, ocorrendo também o consumo de apenas café durante o dia inteiro.

Os anoréticos precisam de um tratamento muitas vezes hospitalização onde receberá apoio de toda uma equipe, que cuidará de seu estado nutricional, fazendo com que o paciente ingira a cada dia uma maior quantidade de alimentos para o ganho de peso. Esses doentes, para ganhar peso, necessitam de 4000 a 5000Kcal/dia. Necessitam durante e depois de acompanhamento psicológico, participando de sessões de psicoterapia tanto individual como familiar. Os psicanalistas concordam que os pacientes jovens mostram-se incapazes de se separarem psicologicamente de suas mães[8].

Muitos pacientes, durante toda a vida, apresentam alterações psicológicas. Os casos de anorexia bulímica são na maioria das vezes mais fáceis de serem tratados, pois o paciente tem um ganho de peso mais rapidamente.

            As alterações tanto metabólicas como fisiológicas no corpo de um indivíduo que apresenta anorexia nervosa, podem leva-lo à morte. Estudos mostram a taxa de mortalidade, dos indivíduos com o distúrbio, entre 5 a 18%.  


[1] Mahan, L.Kathleen; Escott-Stump. Krause: Alimentos, Nutrição e Dietoterapia. São Paulo: Roca, 1998.

[2] Talbott, John A. et al: Tratado de Psiquiatria. Porto Alegre: Artes Médicas, 1992.

[3] Psiq web (pegar o site)

[4] Casper,1986. Retirado do livro Psiquiatria Básica organizado por Rodrigues, Mario et al. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995.

[5] http://www.brazilpednews.org.br/marco99/ar999002.htm

[6] Kaplan, Harol I. et al. Compêndio de Psiquiatria: ciências comportamento e psiquiatria clínica. 9a ed.  Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.

[7] http://www.mentalhelp.com.br/Anorexia_Bulimia.htm

[8] Kaplan, Harol I. et al. Compêndio de Psiquiatria: ciências comportamento e psiquiatria clínica. 9a ed.  Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.

Veja também os dados numéricos sobre os Distúrbios Alimentares


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